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Partos prematuros crescem 27% no país em uma década

Partos prematuros crescem 27% no país em uma década


Partos prematuros crescem 27% no país em uma década

O número de nascimentos de bebês prematuros no Brasil cresceu 27% em dez anos, aponta levantamento do Ministério da Saúde.

Apesar de manter um aumento anual discreto, o crescimento dos casos é contínuo e pode ser observado em todo o mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa de prematuridade era de 8,4% em 1981 e chegou a 12,7% em 2007.

"O mundo está passando por uma fase de transição epidemiológica perinatal, mas ainda não há estudos que expliquem as razões", afirma o pediatra e epidemiologista Marco Antônio Barbieri, professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.

Segundo Barbieri, estudioso da prematuridade há mais de 30 anos, os dados do Brasil ainda são subnotificados. Ele diz que, em Ribeirão Preto, os prematuros representavam 6,8% dos nascimentos em 1978, saltaram para 13,5% em 1994 e eram cerca de 15% em 2008.

É por isso que ele vai iniciar o que deve ser o maior estudo sobre prematuridade no país. Serão avaliadas cerca de 14 mil crianças (em Ribeirão Preto e em São Luiz, no Maranhão) para descobrir se fatores como poluição, estresse, violência social e doméstica e infecções podem causar prematuridade. Também serão acompanhadas as consequências disso para as crianças. "O objetivo é entender essa mudança no perfil epidemiológico", diz Barbieri.

A pediatra Elsa Giuliani, coordenadora da área técnica da Saúde da Criança do Ministério da Saúde, reconhece que há subnotificação, especialmente no Norte e no Nordeste, onde mais crianças nascem em casa. Mas, segundo ela, a proporção não deve subir muito.

Ainda não se sabe o motivo exato do aumento de bebês prematuros -pelo menos 70% dos casos hoje não estão relacionados a problemas identificáveis na mãe ou no bebê. A principal hipótese é o maior número de cesáreas. Por um lado, elas salvam a vida de bebês que estão em sofrimento no útero e dificilmente chegariam ao fim da gestação; mas, por outro, as que são programadas nem sempre respeitam o tempo mínimo de gravidez.

"Existe erro de avaliação da idade gestacional. Nem sempre é possível dizer com exatidão a idade do bebê. Além disso, muitas mães se programam para fazer os partos em datas comemorativas", diz Giuliani. A quarta gestação da dona de casa Neuza Souza Brasil, 39, não chegou a termo por razões médicas. Na 26ª semana, Gustavo e Gabriel nasceram com 785 gramas e 675 gramas, respectivamente.

Eles tiveram problemas em seus primeiros anos de vida, e Gabriel, que tem má-formação na traqueia e nasceu com os pulmões pouco desenvolvidos, dependeu de oxigênio até os dois anos.

Ainda hoje, aos cinco anos, os gêmeos são acompanhados por uma equipe multidisciplinar, mas têm desenvolvimento de crianças de sua idade.

PREMATURIDADE Só 30% dos casos têm explicação científica

Quem é considerado um bebê prematuro? Aquele que nasce com menos de 37 semanas de idade gestacional, considerando que o período normal de uma gestação vai de 37 a 40 semanas

Principais problemas - anemia - distúrbios da glicose no sangue - icterícia (pele amarelada) - pressão arterial baixa logo após o nascimento - respiração acelerada - infecção por vírus sincicial respiratório (VSR) e, consequentemente, maior risco de bronquiolite e pneumonia - apneia - retinopatia problemas respiratórios

Fonte: Ministério da Saúde

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