Os médicos conveniados aos planos de saúde do Paraná decidiram suspender por 15 dias o atendimento de clientes da maioria das operadoras que atuam no Estado. A paralisação, que está prevista para ocorrer a partir da próxima segunda-feira (12), deve afetar cerca de 400 mil usuários atendidos por 44 empresas.
Apenas as consultas de emergência e urgência serão mantidas nos dias de paralisação, segundo decisão da assembleia, ocorrida na noite de quarta-feira (7). Os procedimentos eletivos terão de ser reagendados. Pacientes que quiserem manter as consultas no período de suspensão, dizem os médicos, poderão optar pelo pagamento particular e, dependendo do contrato com as operadoras, pedir reembolso.
De acordo com a AMP (Associação Médica do Paraná), os profissionais de saúde buscam o reajuste dos valores pagos por consultas e procedimentos para R$ 80, no mínimo. Hoje, o valor médio das consultas fica entre R$ 42 e R$ 45.
Além disso, eles reivindicam a regularização dos contratos de acordo com a ANS (Agência Nacional de Saúde), com relação a prazos, jornada de trabalho, cláusula de reajuste anual e outras questões. Dados da agência apontam que, entre 2003 e 2011, a receita das operadoras cresceu 192%, enquanto o valor médio pago por consulta aumentou 65%.
"O movimento médico é nacional e 21 Estados fizeram algum tipo de paralisação em outubro. No Paraná, conduzimos de forma diferente e, com apoio da Comissão de Defesa do Consumidor, tentamos evitar a paralisação até quando foi possível", explica João Carlos Baracho, presidente da AMP.
A Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo) e a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplmentar) declararam, através de ofício, que não vão negociar coletivamente com as entidades médicas. A Amil, um dos maiores convênios médicos do Estado, afirmou por meio de nota que está aberta para o diálogo e que negocia localmente com as entidades médicas representativas. Segundo a empresa, muitos desses acordos já foram encaminhados.
Os usuários dos planos de saúde das estatais Copel e Sanepar não serão prejudicados pela paralisação, já que as duas fundações negociaram à parte termos e valores aceitos pelos médicos. Já a Unimed terá uma negociação diferenciada, já que opera por uma cooperativa própria de médicos.
Segundo a Comissão Estadual de Defesa Profissional - composta por membros da AMP, do CRM-PR (Conselho Regional de Medicina) e do Simepar (Sindicato dos Médicos) -, o Paraná tem em torno de 20 mil médicos ativos, sendo que 70% deles atendem a planos de saúde. A estimativa é que entre 12 e 14 mil participem da mobilização entre os dias 12 e 26 de novembro.
Saúde do Norte do Paraná