Médicos ortopedistas de Londrina, no norte do Paraná, decidiram que não vão mais atender pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A medida foi tomada porque eles não concordam com os valores pagos pelo governo pelas consultas e procedimentos médicos, como cirurgias, por exemplo.
Na Santa Casa de Londrina, dos 13 médicos que atendem a especialidade, apenas cinco aceitaram receber pacientes, desde que estejam disponíveis e que não sejam casos considerados graves. O hospital já fez uma solicitação formal aos Bombeiros e ao Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) para que não envie mais pessoas que tenham sofrido traumas ortopédicos à unidade.
No Hospital Ortopédico, a situação é semelhante. A unidade é particular e não concorda com os valores repassados pela prefeitura para o atendimento. Por isso, pacientes do SUS deixaram de ser atendidos na unidade. O hospital reclama que o repasse do SUS foi reduzido pela metade.
A prefeitura alega que o corte no repasse foi porque o Hospital Ortopédico não cumpria com o acordo pré-estabelecido, que deveria garantir 3 mil procedimentos mensais a pacientes do SUS, o que geraria repasse de R$ 200 mil por mês à unidade. Foi suspenso o contrato em vigência e foi feita uma proposta, que não foi aceita e estão sendo elaboradas outras propostas, caso o hospital tenha interesse, afirma o secretário de saúde Francisco Eugênio, reiterando que a prefeitura não pode modificar os referenciais de cálculos do SUS, pois são utilizados para todos os hospitais.
Do outro lado, a direção do Hospital Ortopédico afirma que os R$ 200 mil recebidos anteriormente já não eram suficientes para arcar com os custos. Quando se propaga na mídia, que o médico recebe R$ 10 por consulta, é uma meia-verdade. Na verdade, sai do caixa do governo federal R$ 10, só que não chega no caixa de quem está efetivamente atendendo, esses R$ 10. Porque toda instituição, como ela dá o suporte para o atendimento do profissional, ela fica com um quarto desse valor, diz o médico Vanderlei Montemor. Segundo ele, descontados os impostos, cada médico acaba ficando com cerca de R$ 6 por consulta. Ninguém quer trabalhar por esse valor mais. É ridículo, pontua.
Saúde do Norte do Paraná